
A madrugada estendia pelo céu o manto sanguíneo da sua primeira claridade. Olhou longamente a tela, enquanto as mãos nervosas poisavam os pincéis. Nas fontes os cabelos loiros, estavam humedecidos de ligeira transpiração, à roda dos olhos um halo mais acentuado das olheiras escurecidas.
Através da vidraça já se conseguiam vislumbrar os campos de Outono, cobertos de restolho... amarelecidos, com as árvores semi-desnudas. Ao longe, as aves iniciavam os seus voos em círculos, sobre a água matinal da pequena lagoa.
De novo o seu olhar poisou sobre a tela, onde as papoilas, pintadas de fresco brotavam da terra...bocas ardentes que manchavam os trigais...Conseguia divisar-lhes as bocas juntas, e as pálpebras cerradas de volúpia.
Perdia-se em pensamentos, a luta era dentro dela...a Vida e o Amor eram um mistério infinito... uma extradionária flor, onde existiam aromas tão diferentes!...
A vida abria-lhe os braços num rasgo de alegria e de luz ...mas tinha que proteger a sua rotina, a rotina a que se habituara , e lhe parecia perfeita.
Tinha que esquecer o Verão!...Logo agora que estava pronta para voar, e começar a aprender o significado da ternura do amor.
Toda a noite pintara, era preciso esquecer o Verão!...Já era Outono!...Estremeceu ao pensar na chegada do Inverno...Sabia que era amada , mais do que alguma vez imaginara...
Exausta recostou-se num cadeirão, fechou os olhos e em serenas lágrimas murmurou:
- Perdoa-me!... Mas deixo-te minha alma gémea...espera por mim numa outra vida!...
Escutou uma voz... pouco audível, pouco mais que um sussurro...
- Meu amor...fico à tua espera na Primavera!...
@Margusta
Através da vidraça já se conseguiam vislumbrar os campos de Outono, cobertos de restolho... amarelecidos, com as árvores semi-desnudas. Ao longe, as aves iniciavam os seus voos em círculos, sobre a água matinal da pequena lagoa.
De novo o seu olhar poisou sobre a tela, onde as papoilas, pintadas de fresco brotavam da terra...bocas ardentes que manchavam os trigais...Conseguia divisar-lhes as bocas juntas, e as pálpebras cerradas de volúpia.
Perdia-se em pensamentos, a luta era dentro dela...a Vida e o Amor eram um mistério infinito... uma extradionária flor, onde existiam aromas tão diferentes!...
A vida abria-lhe os braços num rasgo de alegria e de luz ...mas tinha que proteger a sua rotina, a rotina a que se habituara , e lhe parecia perfeita.
Tinha que esquecer o Verão!...Logo agora que estava pronta para voar, e começar a aprender o significado da ternura do amor.
Toda a noite pintara, era preciso esquecer o Verão!...Já era Outono!...Estremeceu ao pensar na chegada do Inverno...Sabia que era amada , mais do que alguma vez imaginara...
Exausta recostou-se num cadeirão, fechou os olhos e em serenas lágrimas murmurou:
- Perdoa-me!... Mas deixo-te minha alma gémea...espera por mim numa outra vida!...
Escutou uma voz... pouco audível, pouco mais que um sussurro...
- Meu amor...fico à tua espera na Primavera!...
@Margusta